Foi com o “Greatest
Hits”do Gypsy Kings, e o
antológico “Mais” de Marisa Monte que descobri que música é muito mais que uma
sucessão de notas sob um arranjo harmônico. É a manifestação de um sentimento
reprimido, a exaltação de uma voz calada, a vontade de fazer o outro entender
aquilo que a poesia por si só não seria capaz de explicar. E eu devia ter só
uns 7, 8 anos. Estava sacramentada a minha paixão por vinis, cassetes e CD’s.
Daí, tudo virou coleção, teve a fase de músicas infantis
com Balão Mágico, “Trem da Alegria” e os desconhecidos “Os Abelhudos” (vale a
pena conferir). O país se rendeu a batida do axé e o acervo foi crescendo com
Daniela Mercury, Banda Eva, É o Tchan!, Cheiro de Amor, Tonho Matéria. Mas já
exausto do mesmo, tive que buscar o novo no campo internacional, e graças a
Deus, o final dos anos 90 nos agraciou com Britney, Backstreet Boys, Hanson e
outros fenômenos pop. Enfim, poderia divagar linhas e mais linhas sobre meu
histórico musical, mas o que importa aqui é mostrar o quanto o caminho de
construção do meu acervo discográfico foi trilhado sem preconceitos, sempre
buscando o que há de mais sincero na música. (pode até parecer meio utópico
essa babaquice de “sem preconceitos”, mais adiante fará sentido).
Entre festinhas e encontros de amigos, sempre fiquei
encarregado de montar a playlist. E
taí uma função que nunca me desgastou, faço com todo o prazer. Penso na
ocasião, no público, no momento e me deleito horas pensado: “Essa aqui vai
fazer o povo cantar junto, essa vai fazer o povo vibrar, já essa outra é pra
rir mesmo.” Sob o efeito de cervejas e caipiroskas, alguns amigos já cantavam:
“E aí? Quando é que você vai assumir logo o seu lado de DJ?” “Quando é a sua
estréia como profissional?” Após ouvir as mesmas perguntas por tantas vezes,
você mesmo se questiona “Será?” E não deu outra, um amigo de faculdade, sócio
de uma das maiores boates de Brasília (pra mim, a mais divertida e
interessante), me convidou para tocar numa de suas festas. “E aí? Tá afim de
tentar lá na Vic?” Aceitei sem delongas e por um mês, me debrucei sobre o
computador na construção do meu primeiro set: Luv Is A Party That Never Ends. A sorte estava lançada e foi um
sucesso! Após esse, mais convites surgiram e aí veio o We’re Gonna Rock Together, o Na Senzala é Mais Gostoso (pra quem quiser baixar e conhecer o meu trabalho, só clicar no link) até o mais recente, construído em parceria com esse
mesmo amigo, Ricardo Lucas, o London
Fever.
Se me perguntam “que tipo de música você toca?” só tenho
uma resposta: boa! Música boa! Não posso me rotular com um gênero (house, pop,
electro, rock) porque eu não sou assim. Todo estilo tem sua força, sua mensagem
e prender-se a um é ignorar várias preciosidades que podem encantar o público.
SIM! Encantar! Esse é meu maior e principal objetivo, fazer com que as pessoas
não saiam de suas casas para mais uma balada, mas que tenham uma noite
memorável, que desperte conversas e risadas no dia seguinte, que seja motivo de
lembranças por semanas, meses, talvez anos. É assim que se constrói a trilha
sonora de uma vida e se no meu papel de DJ eu puder contribuir com ao menos uma
canção, já sinto que deixei um legado.
Sei que tudo isso pode parecer muito cafona, e de fato é,
porque já não tenho medo de assumir meu gostinho popular. O gosto do povo é
maravilhoso! Foi-se o tempo em que reprimia minha essência para tentar me
encaixar num padrão comum. Foda-se o comum! O único medo que carrego hoje é o
de soar óbvio demais, ser mais do mesmo. Quem tem medo de assumir que curte
Gustavo Lima precisa buscar um terapeuta urgente! Não é que todo mundo é
obrigado a gostar do popular, mas vejo que as pessoas estão sempre preocupadas
em parecer sérias, maduras, cheias de objetivos e acham que isso só é possível
quando se ouve, Chico, Caetano e Maria Gadu. Nada contra esses artistas, eles
tem seu valor. Mas sambar miudinho ao som do Exalta ou ir até o chão quando
toca Gaiola não te faz menos inteligente, nem mesmo imaturo. Pelo contrário, só
demonstra que você se pemite viver intensamente.
Quem me vê tocar deve achar que sou louco, porque eu canto junto, bato
palminha, faço coreô, interpreto, praticamente um performer. E é o que eu quero passar sempre. As boates e baladas da
vida são mais escurinhas para isso, a bebida é só um empurrãozinho para nos
libertar e por aquelas horas sermos quem quisermos ser. Brincar, se divertir!
Enfim, SE PERMITIR! Para finalizar, coloco aqui um pequeno texto que escrevi
ontem, horas antes de entrar em ação como DJ. Serviu para ontem e deve servir
para todos que querem curtir uma boa noite: “Permita-se! Simplesmente deixe o
corpo fluir na batida da música. Divirta-se! Renove-se! SEJA! Sem medo! Aqueles
que apontam, sempre apontarão (Haters
gonna hate). A vida é muita curta para não ser e simplesmente parecer.
SEJA! ENTREGUE-SE! Até o corpo não mais aguentar! E quando a energia chegar ao
fim, lembre-se que o fim é a oportunidade de um novo começo!”
De presente, fiquem com essa música
de um do mais geniais artistas da atualidade, pouquíssimo conhecido, mas que em
suas letras fala muito do que acredito (Tire
minha liberdade/ Me transforme numa memória/ Eu não tenho uma voz / Eu não
preciso de escolhas / Isso não é parte de mim / Isso é quem EU SOU!). Com
vocês, a maravilhosa obra de Frankmusik: I AM
Cézar Almeida é mais um dentre tantos no meio de muitos, mas é só me dar um palquinho que eu te provo que posso ser único.