Fomos aprovados para o FAC, que maravilha!!!!! Nos 45 minutos do 2º tempo: A CARTOMANTE!
Para essa temporada, contamos com o patrocínio do FAC, com o apoio do SESC e da Pinela e a produção de Carvalhedo Produções.Uma temporada de 4 semanas. Nossa... parecia uma eternidade! Gama, Ceilândia, Taguatinga e Plano.
Primeira semana...
GAMA - o Gama é tão longe, mas tão longe... que eu arrumei minhas malas e fui pra lá na sexta para apresentar e só voltei no domingo a noite. Fiquei hospedada lá, afinal é uma viagem. Inclusive quero agradecer as hospedagens: Adriana e Tia Zaia. As saídas na feira, no Gama shopping, os passeios para conhecer a cidade, o Canecão, os almoços, momentos...
A tensão da re-estreia ficou com vocês, mas também ficou com vocês o que nós tivemos de mais genuíno, de mais sincero. O começo, ele é mágico. É nostalgico e sempre, sempre deixa saudade.
Que público lindo, casa cheia! Cheia cheia entupida. Fizemos uma apresentação para as escolas que deu uma atrasadona porque pifou a mesa de luz. Desculpem meninos. Tirando isso, ficamos muito felizes. O público é muito simpático, eles lotaram os 3 dias de apresentação. Foi tudo uma lindeza, tudo, até hoje eu tenho saudade de vocês!
Segunda semana...
CEILÂNDIA - teatro mais lindo! Newton Rossi - SESC. O mais sangue na veia, punk rock aqui foi a apresentação para as escolas, minha gente. Merece umas linhas: meia hora antes do espetáculo descobrimos que ESQUECEMOS O CD DA PEÇA!!!! O quê??? É isso mesmo que você ouviu! ESQUECEMOS. E agora? Agora, Glauber arrasa no improviso COM I PAD do kael que tem metade da trilha sonora!!! E isso basta? Claro que não. Simplesmente a minha cadeira QUEBRA EM CENA! O quê? Isso mesmo! Quebra!!!! Na frente do público composto por alunos do Ensino Médio. A cena é tão bizarra, que eles ficam em choque... eu escuto um meu Deus... a cadeira quebrou??? gente... eles ficam em choque, muito mais em choque do que eu, até que o Tiago e Kael param a música deles e me olham com a cara mais tosca do mundo. Dessa hora em diante eu não paro mais de rir, nunca mais parei. Levanto com toda a classe e falo: "Senhores, é nesse momento da peça que eu escolho alguém pra sentar no chão. VOCÊ! Me dá a sua cadeira. (e aponto para o único que eu sabia que não iria me mandar tomar no cú: o professor. Obrigada meu querido, espero que você não tenha problema de coluna.
Isso foi impagável. A cena mais engraçada do teatro by Karinne. Tudo bem que depois de acabada a peça eu fui chorar, mas isso é ser atriz. Um dia a gente ri, outro a gente chora. E as vezes essa distância entre um e outro sentimento é menor que 1 minuto.
Terceira semana...
TAGUATINGA - casa cheia, lotada, lotada. Na quinta-feira apresentamos para público aberto e uma turma do EJA. Acho que este dia poderia ter sido melhor. Na quinta-feira. Os alunos não estavam muito na nossa. Mas esse é o grande lance da noss peça. Estamos numa arena, de cara a cara com o público. E levamos a peça juntos! Se o público chega querendo descontração ele vai ter. Se ele chega qurendo apenas apreciação artística, também terá. Se ele chega querendo os dois, arrasou.! É esse o lugar. Se chega querendo Machado de Assis, o terá (só não pode ir embora antes dele aparecer, mané). Se ele chega despretencioso, não querendo nada. Ele sai com alguma coisa... e a gente faz o que pode.
Mas Taguatinga foi lindo, também. Me deu uma nostalgia boa... o começo da minha carreira como atriz que queria fazer disso um ofício e não um hobbie, foi ali, naquele teatro. Lembrei das cenas de faroeste que a gente criava nas portas do banheiro... Ah, o começo... que saudade...
Desculpem às pessoas que foram embora no sábado por falta de lugar. Para o Grupo isso é um bom sinal, casa cheia, mas ao mesmo tempo ficamos muito sentidos quando as pessoas deixam de ver a peça. No meio das mais de 50 pessoas, o Ricardo, nosso amigo e convidado para escrever no blog na rodada de convidados da semana que vem (ih, nem sei se era surpresa, pronto, falei).
Adoro Taguatinga!!!
Última semana (senta que lá vem história)...
PLANO PILOTO - chego com tudo montado, olho para um lado, olho
para o outro, onde estão as diagonais desta arena, gente!!! grito, xingo,
principalmente o Fernando, que me irrita muito bem. Peço pelo amor de Deus,
esse tapete tá muito grande gente... eu não consigo olhar nos olhos das
pessoas, elas estão longe de mim, porra!!! Quem montou essa arena torta? Quem
fez isso aqui? A arena é diagonal, isso aqui tá quadrado tá burocrático, tá
amarrado, militarista, cara... porque vocês fizeram isso??? Vem Tiago
diretor técnico: Iza é isso mesmo, não mudou nada, o tapete é exatamente o mesmo é só a disposição das
cadeiras, o teatro já tinha essa disposição não dava pra
mudar! Vem Glauber, diretor de arte, com uma risada mais engraçada do mundo
miúdo do Liquidificador: Iza, que que tá te incomodando, não mudou nada, está
tudo do mesmo tamanho, nada aumentou, é impressão sua... pega um banquinho
tenta me animar: agora você pode rodar olha só, eu sorrio, rapidamente
volto a franzir a testa... olho para aquela arena militarista, me sinto
derrotada por ela, a D34 eu nem consigo enxergar, porra, vocês não estão
me escutando??? Isso aqui tá ruim! Quem fez isso? Vem Kael: Iza, se você
quisesse opinar na montagem teria que ter vindo antes e não agora. Vai tomar no
meio do seu cú!!! Eu não vim porque eu trabalho com outras demandas do Grupo e
se eu não puder confiar na montagem de vocês eu tô fudida. Isso é Grupo...
confiança.
Paro no meio da arena, olho
aquela plateia longe de mim, longe dos meus olhos, porra. Eu nem enxergo as
pessoas direito gente, tá muito longe! Iza tá longe não, você vai ver as
pessoas essa luz é de serviço, fulano... liga a luz aí pra Iza ver. Viu Iza. Tá
tudo bem. Vai à merda Tiago, porra. Vem Karine: Iza não podemos xingar o Tiago
ele é sempre calmo. Ninguém tá vendo que isso tá uma bosta?
Ninguém me escuta. Sento no meu banquinho que gira... onde estão as pessoas que
sentavam do meu lado? Atrás de mim!!! Pra eu fazer uma piada eu tenho que
virar pra trás é isso? Isso é quadrado, isso aqui tá burocrático, tá
militarista, tá péssimo de merda. Como é que nós escrevemos um projeto didático
quebrando o ensino militarista e fazemos uma peça quadrada???
Paro no centro da arena, olho o
lugar mais longe, vou até ele, sento. Nem tá tão longe assim... ... ... mas tá sim meu
Deus!!! porque isso, gente, isso não vai funcionar, tá quadrado!!! Que vontade
de chorar... choro, choro, choro... vem Glauber comenta qualquer coisa, sai. Vem Fernando, muito profissional
na arte de me irritar e diz ao som de risos jocosos, Iza, você tá chorando?
(risos risos risos) que porra é essa??? gente, a Iza tá chorando. Todos vem ver, morrem de rir, eu
mando todo mundo ir à merda! Me sinto Cecília Meireles: “Prodígio
imenso do pranto: - todos perdidos de encanto, só eu morrendo de triste!” todo
mundo encantado, só eu morrendo de triste. Sozinha. Nas opiniões, no olhar que
é só meu. Onde estão as cadeiras do publico que senta do meu lado? Ah, o teatro
não tem mais cadeiras, é isso que temos para hoje. Gente, peguem as lá de traz
e põe na frente... num pode o teatro tem lugares marcados. É o que temos para
hoje!
Pior para mim é isso, com quem eu vou conversar antes da peça começar? Tenho que olhar para trás...sozinha na arena. A solidão que me apavora... não sei mais fazer
teatro sozinha, quero todo mundo comigo. É isso
gente...
Apresentamos. Todos aplaudem de pé, aliás,
quase todos, alguns gritam bravo... outros tiram o chapéu, vejo alguns amigos, Sabryna, Alessandra, Daniel (meu convidado para postar no blog) Gui. Espero que para vocês tenha sido bom. Acho que foi! Aplaudem de pé, felizes ovacionando. Apesar de eu estar na merda! No fim das contas, a administração do teatro eles até acrescentou algumas cadeiras do meu lado, tinha muita gente. Acho que foi bom, realmente.
Chega uma hora em que
a peça não depende mais de você, transcende o seu corpo, não se importa com seu
estado de espírito e acontece, te dá um bunda lelê e diz: "não preciso mais de
você atrizinha de merda!" A Cartomante já acontece sozinha, não precisa mais da
nossa ajuda, tem vida própria. Não quer saber de muletas, ela caminha, não olha pros lados, nem
pra trás, ela encanta, irrita, indigna, gera aplausos, quiçá vaias, mas tudo por sua
conta. A Cartomante não precisa mais da nossa força braçal. Estamo
sozinhos, fomos abandonados por ela.
Estou sozinha!!!
Sozinha...
solidão...
em Brasília...
com rock...
na boemia...
minha noite...
na taverna...
Eita!!!
Agora tudo
faz sentido! Vamos cuidar do que ainda precisa de muuuuuuuita força braçal...
Que venha o Noite na Taverna!!!