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sexta-feira, 20 de julho de 2012

Joy


quinta-feira, 19 de julho de 2012

Esta noite eu tive alucinações e dormi com minha mãe


O jovem leva uma arma para a cabeça de Deus Grave-se nessa vaca sagrada Ponha a audiência em ação Deixe a matança ganhar reverência As palavras do velho,brancas facas quentes Cortando através da manteiga quente A manteiga é o coração A rançosa alma descascante Figuras arranhadas em paredes de asilo Unhas quebradas e fósforos Ipodérmico, ipodérmico, ipodérmico Desafio vermelho O veneno de um homem a carne de outro homem A agonia de um homem o deleito de outro homem Artaud viveu com seu pescoço passado firmemente no nariz Olhos pretos com dor Membros com cãimbra se contorcendo O teatro e isso em dobro O vazio e o fracasso. 

Tradução da música Antonin Artaud da Banda Bauhaus
youtube it. 

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Relato de um Apaixonado





Vidas Brasílias

(*) FERNANDO VILLAR
especial para o Correio Braziliense - 21/ 04/ 2002


Nenhuma obra de arte acontece num vácuo. A cultura, o meio ambiente, o site no qual se insere o artista certamente influencia sua criação, mesmo que o interesse principal possa ser criar um outro mundo distante da realidade circundante. Sabemos como o sol do sul da França ou a luminosidade do céu tunisiano mudaram as pinturas de Van Gogh ou Paul Klee. Além de Rio e Salvador, Caetano Veloso ainda fala, escreve, filma e canta sua cidade natal, Santo Amaro (BA).

Seria difícil desconhecer a relação direta entre a arte desenvolvida na jovem capital e a terra vermelha onde pisamos, o cerrado e a linha do horizonte que vemos e as criatividades expostas de criadores locais. Também podem chamar a nossa atenção as relações entre as transformações do plano original de Brasília, os desmandos governamentais, os lucros imobiliários amparados nos lobbies performados nos belos prédios que abrigam o poder e a horrorização da cidade. A arte que se faz na cidade, distorce, replica, questiona ou baixa as calças para os que querem transformar essa cidade única em apenas mais uma cidade brasileira, que exclui injustamente e humilha seus cidadãos, negando o potencial socialista e inovador que inspirou a criação da nova capital de um possível novo país.

Como seria encenar Brasília ou corresponder à musa-cidade? Seriam brasilienses falando sobre Ws 3, 4 e 5, Ls e SQSs, cantar o Plano Piloto e o Gama, dançar asas e eixos? Acho que também, mas quando me perguntam sobre a relação espacial entre a minha produção cênica com o Vidas Erradas nos anos 80 e a cidade de Brasília, não vejo referências tão claras.

Em Você Tem uma Caneta Azul prá Prova? (1983) o público gargalhava com um não existente e então considerado impossível, ah, ah, ah, QI 23! Em Vidas Erradas (1984), a cidade era citada uma vez como ‘‘Brasoca querida’’ antes da fala ‘‘só nós na noite, no nada...’’ A cena do pensado ‘‘bar’’, como um dos escapes da juventude brasileira, foi imediatamente associada com o Beirute e acabamos tendo as performances espontâneas do Maxixe, então garçom do Beira, comparecendo a caráter, com cardápio, bandeja, copos e kibes.

Em João e Maria, uma História de Verdades e Mentiras (1985-88), a realidade rica do João Roberto e a realidade pobre de Maria Elizabeth iniciavam a peça e a platéia brasiliense associava o primeiro João com o Lago Sul e a primeira Maria com a Ceilândia. Fotos de Jeanina Daher ampliavam no ciclorama da Martins Pena o mesmo céu de Brasília entrecortando as sessões de psicanálise da recém-morta Greta, em O Caso Greta (1987). O próprio Teatro Nacional foi o local alugado para o casamento da personagem com o então jovem e bonito senador Ronaldo Schwartz, gaúcho eleito por Minas, que já havia morado em Brasília e prometia a renovação nacional. Mas as referências literais são apenas estas.

A musa Brasília também me tocou. Mas me tocou com um hálito socialista que regia sua criação; me roçou com lábios que murmuravam leite, mel e transformações sociais que celebrassem a capital da mestiçagem única que caracteriza nossas identidades brasileiras. Os braços e pernas, eixos e esquinas imaginadas que me abraçavam só me exigiam que eu tentasse entender que os espaços amplos e abertos convidavam à união de etnias, gêneros, sexualidades, campos de conhecimento e performatividades, todas e todos ocupando e dividindo criativamente aqueles mesmos espaços.

O teatro do Vidas Erradas questionava ordens vigentes, teatros vigentes, incomunicabilidades e preconceitos como Brasília anunciava em seu ideal embrionário antes do golpe militar, que nos pegou nascendo ou chegando pequenos na cidade. A falta de grandes cenários fixos ressaltava o espaço aberto que era ocupado por luzes, movimentos, partos, mortos, sapos, replicantes, cores, suores e amores de pessoas insistencialistas, como dizia o Batata. E nosso grupo assustava tanto pela quantidade (26 na Caneta Azul, 30 em Vidas Erradas ou 45 em O Caso Greta) quanto pela diversidade: o grupo juntava grupos e mundos com dançarinas, mulatos, yuppies, sindicalistas, bailarinos, hippies, artistas plásticos, bi-curiosos, músicos, galegos, negras, gays, lésbicas, estrangeiros, cantoras, anarquistas, punks, enrustidos, orgiásticos, inclassificáveis, pais, mães, crianças, recém-nascidas.

Enquanto existir injustiça, continuamos todos vidas erradas. Se a jovem Brasília ainda não conhece Brasília, Brasília ainda não pode ser a Brasília dos brasileiros orgulhosos do grande feito no meio do cerrado. Brasília ainda é associada com os corruptos que a penetram indecente. Mas artistas da cidade ainda flertam com a Musa, que espera paciente, mas que não deixa de ausentar-se, como seus primeiros criadores, pela dor da degradação dos tecidos sociais e mentais, do amor e da utopia.


(*) Fernando Villar é dramaturgo, diretor de teatro e professor do Departamento de Artes Cênicas da Universidade de Brasília (UnB)


domingo, 15 de julho de 2012

Beatnik



Eu agi normalmente como fiz a vida inteira, com as pessoas que me interessavam. As únicas pessoas pelas quais me interessei foram as loucas. Aquelas que são loucas para viver, loucas para falar. Desejam tudo ao mesmo tempo, desde que possam seer honestas e cumplices. (Jack Kerouac - Geração Beat)

A expectativa da festa "surpresa"

Essa semana foi lotadíssima de festas e comemorações e por isso foi difícil escolher uma pra falar. Merece nosso, 'eita porra!' a Festa de aniversário do Liquidificador. Parabéns, coisa lymda!
Merece nosso 'benza Deus' os amigos do sertanejo curtindo um Green Day, Red Hot e blázzz no dia do rock em pleno O'rilley! A alma se eleva muitíssimo!!!
Merece nosso 'ai delícia' o rodízio de risotos seguido de um 'assim você me mata', graças a Luciana Magalhaes, palhacinha! Encomendou um DVD do Michel Teló e me deu de aniversário. Simplesmente inacreditável o investimento na sacanagem deste ser humano.
Foi difícil escolher mas o que merece atenção nesse post é isso aqui:



Chego em casa, na quarta-feira as 6:30 da matina e dou de cara com uma casa diferente da minha. Sem os sapatos espalhados pela casa, sem as roupas jogadas no chão nem tampouco as louças lotando a pia da cozinha. Dizem as más línguas que havia uma meia no meu fogão, eu duvido muitíssimo!
E não pára por aí, um monte de cartazes pela casa. e recadinhos e fotos dos meus amigos...

gente... isso foi bom demais! Quando eu começo a ler os cartazes dou de cara com "somos feitos de silêncio e som..." e aí eu tive certeza que, quem havia passado por ali eram pessoas muito, mas muito íntimas mesmo! Que conhecem os meus devaneios preferidos e romântismos bregas e múltiplos. Isso nos faz amigos de sangue! Gastar tempo com o outro é uma prova de amizade eterna, porque o bem mais precioso do novo milênio é sem dúvida alguma o tempo!
Eu não entendo como tem gente que não gosta de aniversário. Alíás entendo sim., deve ser quem não tem os amigos que eu tenho.


Mas antes desse momento 'oh my God!', a exemplo de Machado de Assis, vamos fazer uma digressão.
Estou eu no meu trabalho caixístico e PÁ! Chega um e-mail de um amig@ falando mais ou menos assim:
gente, vamos enfeitar a casa da Iza para homenageá-la pelo seu aniversário. Então se alguém tiver um recadinho pra colar na casa dela, mande por aqui, ou ainda eu posso ir buscar. Me liguem.

Momento bom, palas de riso ao longo da eternidade daquele dia, sem contar que, saber que fui lembrada, e ainda duas vezes... É bom demais!!! E fico na indecisão... Morrendo de vontade de responder o e-mail dizendo 'o que eu tenho que levar pra esse balaco?'  Mas me seguro e sigo o conselho da Sabryna que fala, não faz isso, Iza! Essa menina tem o coração bom!!!
E me contento em ficar na expectativa da minha festa surpresa. Esse é um tipo de festa único. Surpresa, mas nem tanto... Mas não se preocupem, eu ainda estava na expectativa do que iria acontecer e se vocês teriam coragem de limpar aquela bagaça do dia anterior...

Eu sabia que as comemorações do meu aniversário eram múltiplas, mas elas extrapolam até quando eu não estou presente. Rolam livres, leves e soltas, afinal de contas, transformar um chiqueiro, num castelo, deve ter sido triunfal!

Adoro festas, amigos (meus) e aniversários (múltiplos). opa só me chamar!

Dia 12 mais lindo de todos!!!