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sexta-feira, 21 de outubro de 2016

                            DIANTE DAS DEFINIÇÕES, AS CIGARRAS NÃO PARAM!


Quem sou eu, se me vejo como reflexo no outro, mas sei que o outro não sou eu...

                                                                      E se o outro for meu oco disfarçado? 

Porque temos esta necessidade abrupta de nos definir se estou em processo de definição?

                                                                     E quem me define?

E de onde vem a definição sobre mim?
                                                              De mim? 
                                                              Do outro? 
                                                              Do oco? 

                                                 -  Onde sou oco/onde sou eu/e onde é o outro? 

Estes questionamentos me fazem pensar sobre o processo de encontro.
Essa tal arte do encontro que muitos estão ensimesmados em encontrar respostas.


E...

Este encontro é Comigo? Com o outro? Ou com o oco?

-Okay! Confesso, não sei!

Mesmo em devaneio o que apetece aos meus olhares, dizeres e prazeres não são as definições e muito menos a tais respostas, mas sim, a BuScA!

A Busca?
           Encontro, talvez?
De quê?

- Novamente, não sei! 

Só sei que o rito me comove.     O mito me instiga.     O sagrado me mobiliza.

As formas são possivelmente sugeridas, mutáveis e até dobráveis. 

Não sei quem fui, o que fomos e sei lá, se seremos.
Não sei se sedimentarei algo ou o que será do algo que não compreendo...
As necessidades de se estar em um lugar definido e estável não é  Real...

O que é  Real? 
             O que é  palpável?  
E quem define o palpável?  
             A matéria?

PenSo, loGo mE siNto toRta paRa o OCO.

Ele sim me parece mais real, por muitas vezes...

- Mas o Oco? (Semblante de espanto) 


Resultado de imagem

Pasmem! A partir dele me sinto mais confortável e consigo vislumbrar tudo mais liberto dentro de uma linguagem metafísica que este meu corpo não conhece.
- Evito definições e isto me provoca o questionamento.
Consigo pressentir que mesmo sendo oco
                                                                  absorvo 
                                                                                ideias, sensações...
Efemeridades muito mais autênticas que este corpo cru, bem definido e condicionado não se esmera por não se encontrar preparado.

O oco seria o meu lado disforme. O avesso de mim...

- Avesso de quem, se não sei quem sou?

 A ideia de pensar sobre, me envolve. Porém, é um risco contraditório "pensar", porque imediatamente o pensamento se prontifica a definir. E a definição nos categoriza a uma falange pueril do que somos nós: ocos com pés a mostra para novas elucubrações...

Élia Cavalcante

quarta-feira, 19 de outubro de 2016

Devaneio reflexivo


O macro e o microcosmos são espelhos da natureza viva. Um mira-se e reflete-se no espelho do outro.O espelho duplica todas as coisas, o mundo e o sonhador de mundos. O ser humano, em sua pureza primordial, vê e contempla sua imagem no espelho das águas, ficando maravilhado por ver, no reflexo, um outro que é a sua sombra, mas não é ele, é seu duplo [...] (BACHELARD) olha como eu sou cult!

O homem duplicado. Um ser metamorfo que pode transforma-se em qualquer coisa, mas quando olhamos pra ele, tudo que vemos é um reflexo de nós mesmos. Um ser, que ao contrário de Deus, transforma-se a sua imagem e semelhança: Shulachaki, Doppelganger, O duplo! Três, das inúmeras lendas que compõe o imaginário da humanidade, o inconsciente coletivo.

Rob Muholland 

Imaginem a seguinte hipótese, você caminha em direção ao ponto de ônibus, está nublado, uma névoa gelada no ar, poucos carros na rua. É quarta feira mas hoje parece que as pessoas não resolveram sair, talvez greve, talvez coincidência, talvez não, mas a cidade está vazia. Caminhando, você passa por um prédio espelhado (desses que quando olha da vontade de jogar uma pedra só pra romper aquele esquema ordenado perfeita) você se vê! Não tem drama, você até se acha bonit@ e continua o trajeto. Passa de repente pela sua cabeça imagens eróticas de você fazendo sexo consigo mesmo___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ (AQUI_______PAUSA PARA IMAGINAR)______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ – você ta imaginando? – SIM!! Isso!! Detalhes!! Vai fundo, você consegue. Onde está sua língua? Que cheiro tem? Por onde passa sua mão? OK!!! Suficiente. FIM DA HIPÓTESE

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[quantas vezes você encontra o seu reflexo por dia?] [hoje eu contei e deram 42, mas tem que ser qualquer reflexo, nas janelas, na vitrine, na bandeja de inox, no celular, no visor, etc.] [TODOS ESSES SÃO VOCÊ???????????????????????????????????????????][será que eu deveria contar com as vezes que vejo meu perfil no Facebook? a minha foto no watts?]{parece que os reflexos se multiplicam}



O encontro com o oco, se ver vazio!!! Ele sou eu, mas não sou eu, se ele sou eu, quem sou eu?

{quem é mais vazio: Você ou seu duplo? Quem é o original? Quem é o clonado? Existe original? E se ambos forem chineses? E se ambos paraguaios?} 

Tocar-se, apertar a própria mão, abraçar-se. O espelho, O reflexo, NARCISO, umbigo e o fetiche de se olhar nos olhos, e ver realmente como se é de costas, como se anda, como se meche as mãos, como se respira – Tornar-se real, palpável. Pq só olhar no espelho não me prova que eu existo: o espelho aprisiona o oco – é a QUARTA PAREDE que hierarquiza a relação. Esse “eu” do espelho, é dependente de mim, me imita, não questiona. Ele precisa de mim pra existir. AI! Não sei, ele me cansa... Eu quero trocar ideia comigo mesmo, conversar sobre nossos desejos mais profundos e ver se a gente sente vontade de fazer xixi na mesma hora, não um reflexo sem vida própria preso numa parede de vidro. Por outro lado, pelo menos ele transforma esquerda em direita e direita em esquerda, binariedade inversa, mas ainda binária. Cansei!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

DESCULPA A DEMORA – mas é que eu tava ocupado quebrando o espelho que fica na porta do meu guarda-roupa. Agora o chão ta cheio de cacos e esses ‘eus’ apáticos-reflexivos-imitadores SE MULTIPLICARAM!!! SE MULTIPLICARAAAM!!AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH!!


Alguém me traz cachaça???

O que tem no fundo do espelho? O que tem no fundo do oco? Se o oco é oco, o que tem dentro dele? (matéria-escura?) mas isso também é matéria! Existe vazio? Existe oco?


Bohyun Yoon

Exercício: Se olhar nos olhos num espelho até a imagem se distorcer e você ver outra coisa no seu próprio rosto. Eu fazia isso no colégio: um garoto se viu bebê, o outro viu sua própria jugular cortada, meu amigo carioca da sexta série, o Andrey, viu o rosto da vó que nunca conheceu, eu vi um rosto sumindo.

PS: hoje sonhei com uma freira atrás de uma pilastra, vias só as roupas, mas não via o rosto. Ela ia se escondendo atrás de mim.

PS2: dizem que tudo no sonho é a gente.

PS3: se você ainda não entendeu. Eu sou a freira. Obrigado!

terça-feira, 18 de outubro de 2016

Perguntas que eu me fiz, decisões que eu nunca quis [...]



  1. Você já se sentiu uma farsa?
  2. O que/quem você parece ser?
  3. O que para você te define como você?
  4. O que você acha que, para os outros, te define como você?
  5. Como você acha que as pessoas te vem?
  6. Que impressão você quer causar?
  7. Quanto esforço você emprega buscando controlar a imagem que os outros tem de você?
  8. Qual parte sua você gostaria de manter em segredo?
  9. O que você tem faz parte de quem você é?
  10. Algo fora de você é uma extensão de ti?
  11. E se você fosse o Chullachaqui / Doppelganger (o oco, o duplo)? O que isso explicaria?
  12. Fora os pés, como te diferenciar do Chullachaqui / Doppelganger?
  13. Quem é você?

domingo, 16 de outubro de 2016

O Teatro e seu Triplo



(manifesto para uma primeira (ins)piração.)

Estamos em busca de um teatro que possa tocar a vida.
Um teatro com frescor, que aborde as políticas cotidianas dos encontros, as assembleias desburocratizadas com regras ainda desconhecidas por todos. Em busca de campos expandidos.

Refazer os formatos em tempos de crises político/existenciais!
A atriz (agonista) que recebe as participantes (ex-espectadoras) e que vai de encontro com o risco, à aventura e com o desconhecido. Em oposição à autoridade, dignidade e o prestígio que os artistas tanto tempo perseguiram como foco de entrada numa classe aristocrática.

Estamos em busca de um teatro que possa tocar a vida.
Em busca de uma pesquisa sobre o mundo que vivemos. Visões sobre um mundo intermediado por gadgets diversos, um mundo pré-ciborgues em que a eugenia bate à porta de maneira assombrosa. Retomamos o corpo e os encontros.
A força elétrica que o teatro provoca no encontro entre os corpos.
Em busca de um espetáculo(?) que joga o jogo da teatralidade, sem os dogmas de fábulas dramatúrgicas para a assistência entediada.
O jogo com o real, a imagem e a imagem da imagem. Os atores, os participantes e o oco do ator. O oco do oco contemporâneo. Numa sociedade onde o simulacro já está completamente assimilado, o teatro que transcenda a ilusão da ilusão sem sentido.  O teatro e seu triplo jogo.
Retomar o sentir!

Estamos em busca de um teatro que possa tocar a vida.
Se os aparelhos auxiliam a vida eles a modificam também de forma irreversível.
O drama histórico não acompanhou isto e agoniza em suas próprias neuroses.
O design de si mesmo das redes é o mote para os Chullachaquis que percorrem o mundo virtual,  Os Doppelgänger Zumbis que interagem entre si como se fossem reais, mas que modificam nossos corpos e formatos de vivência. Nossa sociedade ocidental teve que dar a volta pra perceber que muitos pensamentos indígenas são mais avançados que as mais avançadas das mais avançadas das tecnologias...
O “divíduo” se interpõe ao indivíduo e ao sujeito. Podemos ser muitas ou nenhuma. Modificam o teatro e seu duplo social.

Transformar os formatos!
Transtornar os formatos!
Transgredir as sombras das formas de drama que a cultura congelou. Estamos em busca de regras desconhecidas. Formatar nossos HDs e apagar as memórias de regras, dogmas heroicos e metáforas caquéticas de um passado que insiste em se fazer presente, mas que não passam de sombras ocas de um mundo que não existe mais.
Des-formatar.
Virar a página e encontrar uma página em branco, sem linhas, pronta para invenção. Página em branco mas não vazia, página cheia de tudo que já se fez antes. O mago Francis Bacon falava: “Criar uma forma é borrar todas que já estão ali.”

A morte de um teatro que se leva a sério.
Acreditar que está veiculando ideias fantásticas é a pretensão de criadores que insistem em permanecer em seus feudos culturais e intelectuais, excluem a fisicalidade da cena em nome de um dogma ideológico. (“O que a peça quis dizer?”)


Basta de arte fechada, egoísta e pessoal.” dizia o xamã Artaud. O mundo já está abarrotado demais com o teatro do deprimido, é preciso mais!