idade: desconhecida
Em Brasília a mais alta moda entre os adolescentes moderninhos é costurar com uma linha, a la zumbi do Abracadabra, a boca unindo os dois lábios, cortar fora na altura dos joelhos as duas pernas e se pendurar com uma corrente pressa aos braços em um poço, tipo da branca de Neve. E lá ficar, pra sempre.
E eu querendo ser moderninha pedia e pedia para minha mãe deixar eu fazer isso. Até. O dia do meu aniversário, de presente ela me dá uma linha grossa preta e uma agulha gigantosa. Eu já sei o que isso significa. Sinto um misto de medo e incredulidade. Minha Mãe me leva ao eixo monumental, lugar preferido da garotada botar seus poços. O eixo cheio de adolescentes pendurados pelos braços. Ela me mostra meu poço. Faz sol. Acho o sol incoerente c a situação. Sinto muito Medo. Sou teimosa demais pra desistir agora. Busco na cabeça uma boa desculpa pra não fazer isso. Nunca deixaria que minha covardia viesse a público. Não tinha volta. Ah, se arrependimento matasse. Com lágrimas nos olhos começo a costurar.
acordo.
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O incrível alívio de acordar de um pesadelo.
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