No mundo dos quadrinhos - assim como no do cinema, da literatura e da política internacional - qualquer conto que começa com violência necessariamente deve terminar com violência (afinal, fora matar o oponente, são poucas as táticas que resolvem uma disputa com a mesma eficácia). A violência ganhou certo prestígio estético nos quadrinhos. Há momentos em que parece que a mídia foi projetada para fazer convite a contemplação de atos brutais e conflitos físicos. Numa página de quadrinhos, você pode congelar um ato enquanto ele acontece ou mesmo antes de acontecer; pode estudá-lo em detalhe, sua lógica e sua arte, e ao fazê-lo talvez possa conjeturar quanto aos mistérios da violência - ou seja, entender não apenas como ela acontece, mas também por quê.
Se estudarmos tais momentos por tempo o bastante, talvez possamos encontrar uma maneira de impedir que os mesmos se repitam no mundo ao nosso redor - ou talvez simplesmente fiquemos com tamanha repulsa a tais atos que a violência real nos intrigue menos. Ou ainda, quem sabe, o inverso: ao congelar um instante de violência na página, talvez queiramos apenas encontrar uma maneira mais eficaz de curtir a violência, de examiná-la em minúcias e nuances, demorada e prazerosamente.
Apesar dos quadrinhos de super-heróis/violência ainda dominarem o mercado, este panorama vem mudando, e surgem histórias de drama, cotidiano, biografias, auto-biografias e até poemas adaptados para a linguagem, como no caso do UIVO (adaptação da obra de Alan Ginsberg). No Japão os quadrinhos já são amplamente utilizados para variadas funções, desde livros de culinária a manual de instruções de aparelhos. O importante mesmo é manter a qualidade das publicações, o tema não importa.
Mas, como no momento a temática mais ampla que nosso grupo estuda é a violência, fiz abaixo um apanhado dos quadrinhos mais violentos que já li. Como já disse, esta temática tem prestígio nessa linguagem, então não foi difícil achar na minha prateleira quadrinhos que espirram sangue ao apertar. O difícil foi fazer a seleção dos mais violentos para esta postagem. Aí vai:
Esta é uma das variadas incursões "idiotalóides" dos personagens de quadrinhos maistream estadunidenses nos países considerados por eles "sub" alguma coisa. Justiceiro visita o México folclórico e mistificado para desvendar um suspense envolvendo meninas desaparecidas que retornam mortas e mutiladas. Violência gráfica presente em praticamente todas as páginas, um típico quadrinho de ação sem momentos para maiores reflexões.
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Allan Moore se debruça sobre a obra do escritor H.P. Lovecraft para criar um roteiro de suspense e horror da melhor qualidade. Com o desenho de Jacen Burrows, Neonomicon é um quadrinho que deixa você de cabelo em pé com as atrocidades e a capacidade de criação de algo fantástico e medonho ao mesmo tempo.
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Esta é uma das muitas histórias de Sin City, do Frank Miller, estes quadrinhos deram origem ao filme dirigido por Robert Rodriguez. Nesta história, os personagens principais investigam assassinos que andam cometendo crimes hediondos na cidade para buscar vingança. O interessante deste tipo de quadrinho é o contraste do preto e branco. Todas as pancadas, sangue e torturas que venham aparecer, são "estetizados" pelo estilo do traço do autor.
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Esta é a edição completa das histórias do detetive de quinta categoria Diomedes, do brasileiro Lourenço Mutarelli. O cara é um ícone do quadrinho escatológico e violento nacional, o traço maravilhoso, aliado com o roteiro irônico, engraçado e "tosco" faz com que estas histórias sejam das melhores que já li de nos quadrinhos. A violência também é constante, principalmente contra o personagem principal que só se fode o tempo todo.
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Esta história de Neil Gaiman com ilustrações de Dave McKean eu considero um conto de terror violento. Por mais que não tenha sangue para todos os lados, afinal, o cruel personagem que dá nome ao livro Mr. Punch é apenas um fantoche de histórias infantis. Um terror psicológico, cômico e trágico como já adianta o título.
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Alan Moore é incontestávelmente um dos melhores. Esta é uma de suas incursões roteirísticas no mundo dos super-heróis da DC. A história não tem tanto sangue e pancadaria como a grande maioria dos gibis de heróis, mas a violência psicológica que o Coringa impõe ao Batman é uma das melhores, mais zombeteiras e ácidas que já se viu nas tramas do personagem. Certamente Moore eleva o gênero propondo novas formas de posicionamento quanto á violência.
se tratando de quadrinhos violentos temos uma leva nos anos 90. Em minha coleção destaco Lobo está morto e Marshall Law...
ResponderExcluirdetesto quadrinhos violentos. são vulgares, decrépitos e infames.
ResponderExcluirhttp://img.chan4chan.com/img/2012-03-15/1331329270717.jpg
http://flying-teapot.blogspot.com.br/search/label/Guro
Ai, Fe... Ai, Lucas... Ai vida! S2
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