JARDIM DAS DELÍCIAS - 2018
Grupo Liquidificador
“Um jardim faz-se de luz e sons. As plantas são coadjuvantes.”
Burle Marx
Em tempos de disputa pelas imagens midiáticas, fake news, pós verdades e desespero moral para definir o que é bom, belo e verdadeiro, o Jardim das Delícias surge de uma necessidade da indefinição e (re)construção de horizontes. Uma vontade de buscar (e borrar?) fronteiras linguísticas tentando outras comunicações expressivas.
Esse mesmo “bom, belo e verdadeiro”, ainda que sem definição, segue reinando como paradigma de estéticas e éticas que nos mantém colonizados dentro de quadros quadrados numa sensação de idade média existencial aliada ao processo de hiper informação das redes de internet e suas comunidades que mais parecem feudos.
Todos entendem de tudo, e opinam sobre seus "entendimentos", mas e o entendimento que escapa à razão binária que divide mente e corpo? O entendimento que passa primeiro pela fantasia do corpo-mente? Que passa primeiro por aquilo que você-não-sabe-exatamente-o-que-é mais te dá uma estranha vontade de continuar olhando? Talvez esse Jardim também venha daí, da crença nesse entendimento que por não precisar ser compreendido se comunica de maneira mutante com quem tem coragem de vir até ele, no teatro.
Existe em nós também uma crença na coragem. Uma coragem nada heroica, talvez muito antiga ou bastante nova. A coragem de manter uma cena contemporânea pulsante e relacional fora dos modelos estabelecidos por curadorias e mercados, coragem de olhar para o abismo de cacofonia e polifonias e retirar daí outras éticas, outras estéticas, paisagens, possibilidades de horizontes ainda não vistos, outras vivências do que se tem definido como (bom) teatro. Quem tem capacidade para sacudir estruturas deste mundo atual senão as artes? Quais imaginários políticos ainda não podemos ver na paisagem que se apresenta e como construir futuros projetando visões? A linguagem entra em crise em tempos de crise. Quem pode trazer novas perguntas para impulsionar ou desestabilizar os discursos ancestrais das verdades morais?
Justamente, não sabemos. Porém apresentamos em cena o delírio, a possibilidade de dançar com o kaos e daí retirar micro utopias, uma cena lírica de imagens que pulsam. E a vocês fica o convite a se permitir a delícia do delírio.
Seria a busca pela verdade talvez o grande delírio coletivo atual?
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SINOPSE
Um quadro dantesco de 1500.
Mesma data da Criação da nação Brasil pós invasão destas terras, com as graças de Padre Anchieta e seu teatro que não cansou de catequizar.
2000 anos após a criação do mundo cristão e suas mitologias.
60 anos após a Criação e denominação do espaço paradisíaco que se chamaria Brasília, com as graças de religiosos e políticos “profetas”.
Jardim das Delícias surge neste contexto. Sétima peça do Grupo Liquidificador, que tem a convivência em grupo como projeto de pesquisa aliado à ética dos criadores de cada um dos espetáculos. A mistura de linguagens e a pesquisa de fronteiras entre as artes é motor primordial para esta criação. Sete anos é o tempo total necessário para trocar completamente a pele do corpo. Sete é o portal simbólico que se abre neste novo trabalho.
Pegamos emprestadas (ou pirateadas) as cenas do quadro De Bosch com o desejo de por no palco os conflitos das imagens nos corpos, os ambientes sonoros e as paisagens apresentadas. No decorrer do processo surgiram inspirações dramatúrgicas que partem das peças paisagens de Gertrudes Stein, além de trechos textuais de autoria dos atuadores, de Clarice Lispector, AntoninArtaud, Shakespeare entre outros. Além desses textos, o que é soberano no espetáculo são cenas líricas e imagens de CorposDiscursos para um tempo em que a linguagem se modifica à passos largos. Convidamos a um passeio lúdico com vontade de transformação de horizontes éticos e estéticos numa espiral de vertigens, imagens e corpos políticos. A pólis num liquidificador, um organismo anti apaziguador.
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FICHA TÉCNICA
Realização: Grupo Liquidificador;
Elenco: Ana Quintas, Aila Beatriz, Fausto Augusto Candido, Josuel Junior, Larissa Souza, Luisa L’Abbate, Nininha Albuquerque e Tassiana Rodrigues;
Direcão: Fernanda Alpino e Fernando Carvalho;
Dramaturgia: Fernando Carvalho;
Textos: Elenco, Fernanda Alpino, Fernando Carvalho,Clarice Lispector, Antonin Artaud, Livro Genesis, David Foster Wallace e William Shakespeare;
Preparação Corporal: Nininha Albuquerque;
Trilha Sonora Original: Stefano Luna;
Cenografia e Figurinos: Coletivo entre-vazios (Roberto Dagô e Luenia Guedes);
Assistente de Cenografia: Ramon Lima
Iluminação: Ana Quintas;
Assistente de Iluminação: Luisa L’Abbate e Larissa Souza;
Assessoria de Imprensa: Josuel Junior;
Teaser: Duda Affonso
Fotografia: Natasha de Albuquerque
Participação Especial: Ana Flávia Garcia, Maria Léo Araruna, Rainhas do Babado, Fernanda Jacob, Cristiane Sobral.
Provocação de Movimento: Luara Learth Moreira;
Provocação Vocal: Renio Quintas
Assistência de Produção: Natasha Albuquerque e Gustavo Haeser
Producão: Grupo Liquidificador e Equipe Jardim das Delícias
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Agradecimentos: Coletivo Janela, Factory, Leonardo Shamah, Iuri Perssan, Gustavo Haeser, Bruna Martini, Gustavo Gris, Beatriz Sayad, Duda Affonso, Ada Luana, Taís Felipe, Rafael Toscano, Espaço Nzambi, KaelStudart, Nine Ribeiro, Iza Cavanellas.
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SERVIÇO:
Local: Teatro SESC Garagem - 713/913 Sul
Data/Horário: 15 a 24 de junho - sexta, sábado e domingo, sempre às 20h
Classificação Indicativa: 16 anos
Ingressos: R$20,00 e R$10,00 (meia entrada)
Brasília - 2018
Jardim das delícias
Dias 15, 16, 17, 22, 23 e 24/06
Sempre as 20h
Teatro Sesc garagem - 913 SUL - Brasília
Ingressos: R$20,00 e R$10,00 (meia entrada)
📸: Natasha Albuquerque
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