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sábado, 15 de fevereiro de 2014

IMPROVISO PARA RELER CLÁSSICO

Matéria publicada em 13 de fevereiro de 2014 na PAMPULHA ALMANAQUE.

JESSICA ALMEIDA
Pisar no tapete significa estar dentro de cena. Sair do tapete é extrapolar o espaço cênico. Foi fazendo esse jogo, concebido pelo teatrólogo inglês Peter Brook, que o Grupo Liquidificador, de Brasília, concebeu sua versão do conto “A Cartomante”, de Machado de Assis, que faz curta temporada no Galpão Cine Horto, no próximo fim de semana.

Esse exercício de improvisação foi a base para que a montagem incorporasse elementos do flamenco, do melodrama e das culturas pop e cigana. Outra inserção foi a própria figura do autor, que não é personagem no conto original. Inusitadamente interpretado por uma mulher, foi incluído como referência ao conjunto da obra de Machado de Assis, em que é muito forte uma espécie de diálogo com o leitor, como explica o diretor e ator do espetáculo, Fernando Carvalho. “Há várias falas inclusive retiradas de ‘Memórias Póstumas de Brás Cubas’, um dos romances em que esse jogo com o leitor é mais presente. Essa troca nós transpusemos para a arena em que a peça é apresentada, há muita expressão pelo olhar e brincadeira com o público. Mas não é aquele tipo de interação forçada, constrangedora”, frisa.

Cartaz dedo duro
Clássico que muita gente lê durante os anos escolares, “A Cartomante” conta a história do triângulo amoroso entre Vilela e Camilo, dois amigos de infância, e Rita, a esposa de um deles. A condução do texto ora faz o leitor crer em uma coisa, ora em outra, tornando o final ao mesmo tempo surpreendente e previsível. “Nós temos quatro tipos de cartaz de divulgação e um deles gerou polêmica, porque mostra a personagem da Rita levando um tiro do Vilela. Mas para nós isso não estraga o espetáculo, porque o que é legal mesmo é ver o processo, as performances, a construção de cada cena”, Fernando explica.

Além do espetáculo, o grupo traz a BH uma oficina que, de acordo com o diretor, vai mostrar um pouco de seu processo de criação. “Nós vamos tratar um pouco desse processo de improviso específico, desenvolvido pelo Peter Brook. A improvisação está muito em pauta e às vezes as pessoas acham que isso é só fazer qualquer coisa. E também vamos mostrar outros princípios utilizados pra concepção da peça”, afirma.

A Cartomante
Com o Grupo Liquidificador, de Brasília
Galpão Cine Horto (r. Pitangui, 3613, Horto). De 21 (sexta) a 23 (domingo). Sexta e sábado, às 19h, e domingo, às 19h.
Entrada Franca.



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